"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados". Mahatma Gandhi.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cães medrosos

Maíce Costa Carvalho

"Sempre que pensamos num cão medroso, nos vem logo à cabeça a imagem do cão submisso, aquele que (literalmente) põe o rabo entre as pernas, e que nem mesmo tem coragem de nos encarar sem se molhar inteiro. Este, no entanto, é só um estereótipo de uma das formas do cão medroso agir. Há muitos cães medrosos que agem de maneira bastante agressiva às situações que o assustam, e que, no entanto, raramente são diagnosticados como tal pelos donos. Na cabeça da grande maioria das pessoas a agressividade está ligada (quase que unicamente) à valentia. Porém, muitas vezes teremos atrás desta agressividade um enorme medo do desconhecido.
 
Tudo começa na primeira vez em que o filhote, amedrontado, reage agressivamente, com êxito ao afastar o alvo do seu medo, que pode ser outro cão, uma criança, ou mesmo seu próprio dono. Neste momento ele aprendeu que sempre que ele enfrentar uma situação que lhe causa medo ele pode agir de forma agressiva, pois o "perigo" acabará. A palavra "perigo" neste caso é bem própria, pois o cão medroso associa todas as situações desconhecidas como um perigo real. Ele não sabe discernir e, para piorar um pouco mais as coisas, raro é o proprietário que sabe lidar com este tipo de situação.

Como identificar o filhote medroso:
  • Filhotes que mostram um medo exagerado de situações novas a ele.
  • Qualquer atitude mais rude pode detonar uma atitude típica de submissão: se agachar; fazer xixi de medo; virar de barriga para cima; etc.
  • Qualquer movimento que você faz com a mão, ele já se abaixa, como se tivesse medo de apanhar.
  • Filhotes que se arrepiam (na parte de trás da nuca) sempre que cruzam com outros cães.
  • Filhotes que se assustam facilmente.
  • Filhotes que não são capazes nos encarar, eles sempre desviam o olhar.
  • Filhotes que reagem agressivamente ao se deparar com tipos humanos diferentes dos quais ele esteja a costumado. Estas diferenças podem ser relativas à idade, sexo, cor, raça, etc.
Enfim, toda a questão do medo mora na incapacidade deste filhote de lidar com situações fora do comum (para ele) e novo o assusta.

Porque é tão difícil que o proprietário identifique seu cão como medroso?

É uma questão de conceitos erroneamente pré-definidos:
  • Cães são sempre valentes;
  • Agressividade é uma reação esperada (e muito bem aceita) vinda de um filhote de cão de guarda;
  • Agressividade é sinal de valentia;
  • Filhotes que têm a iniciativa do ataque são cães de guarda ideais;
  • Medo é sinal de covardia;
Por conta deste conceitos errados, as ações inadequadas desses filhotes são consideradas normais, ou até mesmo desejáveis. Então temos um filhote que age agressivamente, sem ter qualquer aptidão para avaliar a real periculosidade da situação, e que não só não é repreendido, como muitas vezes é incentivado a agir desta forma pelo próprio dono. Afinal isto mostra como seu cão é valente!

Este proprietário, na verdade, acaba de premiar uma ação totalmente errada: o cão julgou sozinho tal situação; tomou atitudes violentas para combatê-las, e foi recompensado pelo dono. Este cão é um GRANDE candidato a cometer atrocidades: age violentamente a qualquer situação que o assuste, e jamais confiará em seu líder. Ou seja: ninguém conseguirá brecá-lo se ele resolver atacar!

Como lidar com este cão:

Tudo pode ser bastante simples se este cão for diagnosticado a tempo. Então o proprietário pode fazer um trabalho que aumente a auto-confiança deste cão; mostrando que nem tudo o que é desconhecido é perigoso.

O cão medroso, seja ele agressivo ou submisso, deve ser tratado com muita delicadeza, sem, no entanto, ser mimado. Seu dono deve saber ampará-lo de forma a fazer com que ele se sinta absolutamente seguro ao seu lado. Isto inclui um bom trabalho de socialização deste cão, e um constante reforço de que ele possui um líder que pode protegê-lo, e é capaz de identificar um perigo potencial. Em outras palavras: cães medrosos precisam de donos muito presentes e que mostrem sua liderança de forma incontestável."

domingo, 10 de abril de 2011

Projeto: Mordida, nem de brincadeira!

Olá a todos. Hoje vou comentar um assunto de extrema importância. Muitos casos de abandono de cães decorrem do fato do proprietário não saber como lidar com o cão e este acaba tornando-se agressivo com todos da casa, sejam infantes ou adultos. Essa agressividade pode gerar comportamentos destrutivos como mordidas, causando dano físico (pela dor e consequente ferida) e psicológico (possíveis traumas que as crianças possam adquirir de cachorros, fazendo com que demorem mais a voltar a ter um convívio bom com eles, ou até mesmo com que este trauma perdure para sempre).

Além disto, há o dano físico e psicológico também para os cães, que podem ser agredidos ou até mortos (dependendo da intensidade da mordida e da educação do proprietário), e sofrem (SIM) com o abandono, ainda mais se estiverem convivendo há muito tempo com a família e forem levados a um lugar que, além de estranho, tenha condições desfavoráveis a uma vida plenamente saudável.

Pensando nisto, a Canis resolveu criar o Projeto: Mordida, nem de brincadeira! É uma proposta voltada para o público infantil, podendo claro ter a participação dos pais ou familiares responsáveis, em que serão ministradas palestras para que seja passado o conhecimento necessário para que sejam evitadas as mordidas nos nossos pequenos tesouros. Conhecimentos em comportamento e comunicação canina serão ministrados de maneira lúdica e simples, de fácil compreensão.

Mais de 50% das vítimas fatais de mordidas são crianças. Ajudem-me a divulgar esta idéia. Por enquanto tenho uma palestra agendada para o dia 14/05, no valor de R$ 30,00 por inscrição (criança sozinha ou com os responsáveis), mas a idéia é também chegar até as pessoas de baixa renda. Também treino colegas veterinários ou simplesmente pessoas interessadas que queiram adotar o projeto e prosseguir com a corrente.

Tayana Briceño.
(92) 3236-5409/8445-3709
comportamentoanimal@live.com
Twitter: @Canis_Manaus

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Cães e crianças - Parte 2

Quando se fala em um cão mais adequado para uma criança, logo vem a mente: Golden Retriever. Este é sem dúvida um animal extraordinário para crianças, porque além de ter paciência com elas, é muito inteligente. Mas existem outras raças que também são boas com os pequenos.

De forma geral, os cães de raças maiores costumam ser melhores companhias para elas. Cães como o Boxer, Labrador Retriever, Basenji, Collie, São Bernardo, também podem ser ótimos com crianças. Falando em raças pequenas, acredito que a que tem mais paciência com crianças seja o Pug.

Vale lembrar que você deve sempre levar em consideração que não é só a característica comportamental da raça que conta, há variações individuais entre indivíduos de mesma raça. Como exemplo eu posso dar o Yorkshire (que geralmente não é um cão muito bom com crianças pequenas, por ser muito agitado e latidor). Outro dia eu visitei uma cliente que tem uma yorkshire que não é de latir muito. Tudo isso também vai da educação que o proprietário dá, dos estímulos físicos e mentais que ele oferece ao cão.

Outro fator que deve ser ressaltado é: você quer dar um cão para a sua criança agora, mas o tempo vai passar e um cão vive anos e anos, você terá condições no futuro de prover a atenção que seu cão merece? Terá condições financeiras? Saberá ter paciência e agir com disciplina? Terá tempo e disposição para cuidar do animal? Tudo isso são fatores muito importantes antes de optar pela entrada de um cão na casa, e o mais importante é entender que, seja a raça de cachorro que for, devem ser educados tanto os cães como as crianças, para que possa haver um convívio mais tranquilo e pacífico entre ambas espécies.

Segue um artigo muito bom sobre a escolha do cão.

http://caninablog.wordpress.com/2011/03/27/momento-chave-como-escolher-o-cachorro/

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cães e crianças - Parte 1


Como prevenir seu filho pequeno de ser mordido por um cão.
Cheri Lucas

É importante que os adultos tenham uma compreensão básica de que medidas preventivas podem ser tomadas para impedir que crianças sejam mordidas.

Se você está planejando adotar um cão de um abrigo, fique ciente do temperamento dele. Cães com histórico de agressão não são adequados para casas com crianças.

Antes de levar um novo cão para casa, avalie o nível de conforto que a criança tem ao ficar perto de um cão. Se ela exibe medo ou apreensão, essa atitude pode geralmente desencadear uma agressão. É muito melhor esperar mais um tempo para adotar ou comprar um cão do que arriscar a segurança da criança. O melhor a fazer é trabalhar esse medo com ela.

Advirta o pequenino para que ele não seja a primeira pessoa a se aproximar de um cachorro estranho. Permita que o cão cheire-o antes de interagir com ele. Ensine que os cães não gostam de ser abraçados em volta do pescoço ou de serem beijados. Crianças são geralmente mordidas no rosto ou no pescoço como resultado dessa prática.

Ensine  a criança a ler a linguagem corporal canina, lembre-a sempre de que os cães não podem conversar com ela da mesma forma que os homens conversam uns com os outros. Muitas vezes eles apresentam certos tipos de linguagem corporal para alertar as pessoas de que não estão confortáveis com a abordagem do ser humano ou com sua energia. Se a criança não consegue captar isso, o cachorro pode sentir que o seu único recurso é a mordida.

Exemplos comuns de linguagem corporal que indicam que o cão não quer interagir no momento com uma criança podem incluir: postura rígida ou imóvel, lambendo lábios, rosnando e/ou aumentando sua cauda com a aproximação. Percebendo esses sinais, peça para a criança evitar  olhar diretamente, movendo-se lentamente para longe do cão. Aconselhe-a a nunca gritar ou sair correndo de perto de um cão assim, pois isso pode provocar seu instinto presa para ir atrás da criança.

Nunca permita que provoque ou insulte um cachorro, especialmente se ele está comendo ou protegendo um item de alto valor para ele, como seu comedouro, um osso ou um brinquedo. Em última análise, sua responsabilidade é supervisionar a criança quando ela está interagindo com seu cão.

Por último, mas não menos importante, sempre procure manter-se calmo e passe essa tranquilidade para o seu animal. Cães alterados são de longe muito mais suscetíveis a morder outra pessoa do que cães equilibrados.