Atualmente divulga-se muito que o cão tem problemas de comportamento por causa do seu tutor*. Segundo a zoopsiquiatra argentina María Virginia Ragau, 80% dos problemas comportamentais estão relacionados à criação e ao ambiente, enquanto que 20% estão relacionados à genética.
É sabido que os animais domésticos passaram a desenvolver problemas de conduta com a domesticação e o convívio com os humanos fez com que muitos cães tivessem seus comportamentos normais alterados justamente pela falta de conhecimento por parte do homem em relação à natureza canina e suas necessidades.
Esta falta de compreensão, não só relativa ao cão, mas a muitas outras espécies que conosco convivem, está arraigada na nossa cultura e persiste a gerações. No caso dos cães, isso se deve também ao fato de que até mesmo no meio científico havia há algum tempo atrás a crença de que não havia muito a ser estudado sobre os cães e que não poderíamos aprender muito com essa interação.
Esta realidade tem mudado nas últimas décadas e sabe-se que o cão por estar convivendo no meio humano há tanto tempo é também outra porta de entrada (além dos primatas) para o conhecimento do comportamento humano e existem vários psicólogos estudiosos do comportamento animal que contribuem fortemente para o crescimento da área.
Apesar disto, ainda é muito corriqueiro ouvir adultos dizendo a crianças: ei,fica longe daí que aí tem cachorro! Enquanto na minha opinião deveria ser dito: Olha só, eu vou te mostrar o animal até onde é seguro, porque não conhecemos esse cachorro e você só deve se aproximar de um cão se um adulto conhecido estiver com você, conhecer o cão e te permitir fazer isso, porque nós não sabemos como o cão pode reagir, ele pode aceitar a nossa aproximação ou pode não gostar da nossa presença.
Outro dia fui levar meu filho pra vaciná-lo em um posto de saúde e uma mãe estava com sua filha pequena, que queria sair a explorar o lugar. A mãe falou o quê? Essa dá pra adivinhar fácil.
* Sim, tutor. Hoje em dia muitos já estão abolindo as palavras Dono e Proprietário e utilizando as palavras guardião, companheiro ou tutor, e a justificativa é muito válida, visto que não devemos considerar outros seres vivos como sendo de nossa propriedade. Posse responsável também tem mudado de nome para Guarda responsável.
Aderi (aliás já tinha aderido) à campanha que vise eliminar a noção de posse em relação aos animais de companhia! Gosto de ver que a ideia se está a expandir! :)
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